Saúde Mental nas Organizações: de custo invisível a investimento estratégico
A saúde mental deixou de ser uma questão individual para se tornar um indicador central de sustentabilidade corporativa. Desde 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que o sofrimento psíquico associado ao trabalho é uma preocupação de saúde pública global.
No Brasil, pesquisas da Deloitte (2023) mostram que empresas que investem em programas estruturados de bem-estar reduzem em até 25% o absenteísmo e aumentam em 32% o engajamento. Além disso, estima-se que cada R$ 1 investido em saúde mental pode gerar até R$ 4 em retorno econômico, considerando queda de turnover, maior produtividade e fortalecimento da cultura organizacional.
Mas há um ponto crucial: cuidar de saúde mental não significa oferecer apenas ações superficiais, como aplicativos de meditação, palestras motivacionais ou eventos pontuais. Esses recursos podem até gerar engajamento momentâneo, mas não enfrentam o núcleo do problema.
O verdadeiro desafio está em transformar as condições de trabalho que adoecem. Entre os fatores mais comuns de risco estão:
- Jornadas extensas e falta de pausas;
- Metas desproporcionais e cobranças excessivas;
- Cultura da hiperdisponibilidade (a ideia de que é preciso estar sempre online e acessível);
- Lideranças despreparadas para lidar com sofrimento psíquico.
A psicologia organizacional tem aqui um papel estratégico: oferecer diagnósticos institucionais, implementar práticas de prevenção e formar lideranças conscientes. Trata-se de criar ambientes que não apenas evitem o burnout, mas que favoreçam criatividade, pertencimento e motivação sustentável.
Ao final, a questão não é se investir em saúde mental traz retorno — as evidências já comprovam que sim. A verdadeira pergunta é: qual organização terá coragem de ir além do discurso e transformar sua cultura para colocar o humano no centro de sua estratégia?
Referências
- World Health Organization (2022). Mental health at work: Policy brief.
- Deloitte (2023). Mental health and employers: refreshing the case for investment.
- Organização Internacional do Trabalho (2023). Safe and healthy working environments: A fundamental right at work.
