Por que a indiferença atrai enquanto o excesso de interesse afasta?

Já lhe aconteceu reparar num padrão curioso e algo irónico nos seus relacionamentos? Parece que, quanto mais interessado está em alguém, menos essa pessoa parece retribuir os seus sentimentos. Por outro lado, quando a sua atitude é de indiferença, essa mesma pessoa, ou outra, parece desenvolver um interesse genuíno por si. Esta dinâmica pode ser frustrante e levar a muita autorreflexão.

Este fenómeno não é uma mera coincidência, mas sim o resultado de um erro fundamental que muitas pessoas cometem, de forma inconsciente, na forma como abordam a atração e os relacionamentos. A chave para compreender este paradoxo reside em analisar a forma como o nosso comportamento muda drasticamente dependendo do nosso nível de atração por alguém.

O Erro Fundamental na Dinâmica da Atração

O erro é surpreendentemente simples, mas profundo: tendemos a tratar as pessoas pelas quais nos sentimos atraídos de maneira diferente daquelas pelas quais não sentimos uma atração especial. Pense nisso por um momento. As interações com pessoas que não despertam em si um forte interesse romântico são, muitas vezes, mais leves, genuínas e descomprometidas. E, curiosamente, é precisamente este comportamento que tende a gerar atração nelas.

Muitos de nós operamos sob a crença equivocada de que as estratégias que funcionam com as pessoas pelas quais não nos sentimos particularmente atraídos não seriam eficazes — ou apropriadas — com aquelas que realmente desejamos. Acreditamos que o homem ou a mulher dos nossos sonhos exige uma abordagem diferente, mais calculada, mais intensa ou talvez mais submissa. Esta crença é a raiz do problema.

A Ilusão de Duas Espécies de Pessoas

A verdade é que a atração que sente por alguém existe primariamente na sua cabeça; é uma projeção da sua mente, não um facto empírico que divide as pessoas em categorias distintas. Não existem duas espécies de seres humanos: "aqueles por quem se sente atraído" e "aqueles por quem não se sente atraído". Existe apenas uma espécie: pessoas. E o que funciona para gerar interesse e respeito nas pessoas em geral, funcionará também com aquela pessoa em particular, independentemente da intensidade da sua atração subjetiva.

O que funciona com o indivíduo que demonstra interesse em si também funcionará com aquele que você deseja. A atração não altera as regras fundamentais da psicologia humana. A pessoa que idealiza não é fundamentalmente diferente, em termos de mecanismos psicológicos, da pessoa a quem é indiferente.

O Poder da Atitude "Pegar ou Largar"

O que é, então, que funciona tão bem com as pessoas pelas quais não se sente atraído? É a atitude de "pegar ou largar". Esta postura comunica, de forma subtil, um conjunto de qualidades altamente atraentes: autoconfiança, independência e um sentido de valor próprio que não depende da aprovação externa.

Esta atitude pode ser resumida da seguinte forma: "Gosto de passar tempo consigo, mas se não acontecer, a minha vida continua e eu fico bem. Não vou persegui-lo(a), não vou ficar ansioso(a) à espera de uma mensagem, nem vou colocar a minha felicidade nas suas mãos." É uma postura de tranquilidade e autossuficiência emocional.

Adotar esta mentalidade em relação a alguém por quem se sente genuinamente atraído é, sem dúvida, um desafio. No início, pode não parecer autêntico. Pode sentir que está a reprimir os seus verdadeiros sentimentos. No entanto, não há razão para abandonar uma abordagem que comprovadamente funciona noutras áreas da sua vida social só porque os seus sentimentos são mais intensos.

A boa notícia é que esta não é uma teoria abstrata. Você já viu esta abordagem funcionar. Já obteve o resultado desejado — gerar atração noutra pessoa —, embora, talvez, com o alvo "errado". Portanto, experimentar esta atitude com as pessoas que realmente lhe interessam é uma proposta de risco relativamente baixo, com um potencial de recompensa muito elevado.

Referências para Leitura Adicional

  • Cialdini, R. B. (2007). Influence: The Psychology of Persuasion (Rev. ed.).

    Este livro explora os princípios psicológicos que levam as pessoas a dizer "sim". O "Princípio da Escassez" (Capítulo 6) é particularmente relevante aqui. Cialdini explica como as oportunidades se tornam mais valiosas para nós quando a sua disponibilidade é limitada. A atitude de "pegar ou largar" cria uma forma de escassez social, tornando a pessoa que a adota mais desejável, pois não está sempre e totalmente disponível.

  • Aronson, E. (2012). The Social Animal (11th ed.).

    Uma obra clássica da psicologia social que investiga as complexidades da interação humana. As seções sobre atração interpessoal esclarecem como fatores como competência, ganhos e perdas de estima e autoconfiança influenciam quem gostamos. A teoria do "ganho-perda" da atração sugere que nos sentimos mais atraídos por pessoas cuja opinião sobre nós melhora ao longo do tempo, algo que é mais provável de acontecer com alguém que começa com uma postura neutra ou indiferente em vez de uma adulação imediata.

  • Levine, A., & Heller, R. S. F. (2010). Attached: The New Science of Adult Attachment and How It Can Help You Find—and Keep—Love.

    Esta publicação traduz a teoria do apego para o público em geral, explicando como os nossos estilos de apego (ansioso, evitativo ou seguro) moldam os nossos comportamentos nos relacionamentos. O artigo aborda dinâmicas que são frequentemente exacerbadas por um estilo de apego ansioso (a necessidade de perseguir) em resposta a um parceiro percebido como desinteressado ou evitativo. Compreender o próprio estilo de apego pode ser o primeiro passo para cultivar a autossuficiência emocional discutida.

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