Por que, segundo Carl Jung, o mundo exterior não tem o poder real de o afetar?

Existe um segredo que a maioria de nós ignora na busca por tranquilidade. Não tem a ver com força de vontade, com reprimir sentimentos ou fingir que está tudo bem quando uma tempestade se forma por dentro. A verdadeira chave para que nada nem ninguém o possa abalar está escondida num lugar muito mais profundo. Procuramos respostas no mundo exterior, sem perceber que as únicas mudanças duradouras nascem, invariavelmente, de dentro.

Já deve ter reparado que há pessoas que, apesar das crises e incertezas da vida, mantêm uma calma notável. Parecem ter um centro interior que nada consegue perturbar. Outros, por sua vez, perdem o equilíbrio em situações quotidianas, tornando-se reféns das suas próprias emoções. Será sorte? Um traço de caráter? Ou existirá um princípio oculto que os distingue?

As Lentes Através das Quais Vê o Mundo

A maioria de nós vive sob a ilusão de que a realidade é objetiva, como se os acontecimentos, por si só, ditassem os nossos sentimentos. No entanto, tudo o que sente passa primeiro por um filtro: o prisma das suas crenças, moldadas no passado, e das emoções que ainda não aprendeu a processar.

É como usar óculos com lentes coloridas. Não importa o que está à sua frente; a sua visão será sempre tingida pela cor do seu filtro. Se esse filtro estiver manchado pelo medo, pela raiva ou pela culpa, o mundo parecerá um lugar hostil. Mas o ponto fundamental é este: você pode trocar essas lentes. A liberdade não está em evitar a dor ou em tornar-se indiferente ao mundo, mas sim em transformar o significado que atribui a cada evento. A realidade não lhe é imposta; ela é interpretada por si. Ao compreender e dominar essa interpretação, descobre que pode decidir como reagir a qualquer situação. Nesse momento, torna-se verdadeiramente livre.

As Suas Emoções Como Guias, Não Inimigas

Cada emoção que sente traz consigo uma mensagem. A tristeza, muitas vezes, sussurra que é hora de deixar ir algo que já não lhe serve. O medo aponta para as suas crenças limitantes — aqueles pensamentos escondidos de que não é bom o suficiente ou de que o fracasso é algo a ser evitado a todo custo. A raiva, que tantas vezes tentamos suprimir, é um sinal de que os seus limites foram violados.

Quando começa a ver as emoções não como adversárias, mas como mensageiras, algo muda. Deixa de lutar contra elas e passa a escutá-las. Ao fazer isso, o seu mundo interior começa a transformar-se, e o mundo exterior, inevitavelmente, reflete essa mudança. É como limpar água turva: de repente, tudo se torna claro e consegue ver o fundo, a sua verdadeira essência.

O Observador Silencioso: Encontrando a Calma na Tempestade

Imagine uma situação em que normalmente reagiria de forma automática — uma conversa tensa, um conflito, um momento de insegurança. Em vez de agir por impulso, pare. Respire. Observe a cena como se fosse um espectador, alguém que vê tudo sem se deixar levar pelas emoções.

Pergunte a si mesmo: "Que parte de mim está a reagir agora? O que acontece lá fora está realmente a afetar-me, ou é apenas um eco de algo que já existe dentro de mim?". Estas perguntas são a chave. Quando percebe que o exterior só tem poder sobre si quando algo no seu interior o permite, começa a recuperar o controlo. Carl Jung referia-se a esta parte da consciência como o "observador silencioso", um espaço interior que permanece sempre calmo, independentemente da tempestade. Ao conectar-se com este espaço, descobre que nada o pode afetar, a menos que você o permita. A verdadeira paz não vem de mudar o mundo, mas de transformar a forma como o percebe.

A Coragem de Transformar o Seu Mundo Interior

Cada pensamento que o limita não é originalmente seu. É um eco do que ouviu, absorveu e aceitou como verdade. Mas não precisa de se apegar a ele. Imagine que, a partir de hoje, decide mudar a história que conta a si mesmo. O subconsciente não distingue a realidade da imaginação; ele simplesmente responde ao que lhe é dado. Se o alimentar com crenças que o fortalecem, a sua realidade começará a refleti-las.

Jung chamava a isto o "trabalho com a sombra": o processo de encontrar as partes de si mesmo que escondeu por medo ou vergonha. Ao olhar para essa sombra, não encontra fraqueza, mas sim força. Encontra-se a si mesmo. Este caminho exige coragem para questionar as suas verdades e para perguntar "porquê" no meio da tempestade. É nessa coragem que nasce a liberdade de ser você mesmo e de permanecer sereno, mesmo quando o mundo parece caótico.

No fim, a única pessoa que pode determinar como se sente é você. Quando domina este processo, o mundo perde o poder sobre si. Torna-se dono da sua alma, mestre da sua realidade. E essa é uma paz que ninguém lhe pode tirar.

Referências Sugeridas

  • Frankl, V. E. (2008). Em Busca de Sentido: Um psicólogo no campo de concentração. Editora Vozes.
    Este livro fundamenta a ideia central do artigo de que, mesmo nas circunstâncias mais extremas, o ser humano tem a liberdade de escolher a sua atitude e encontrar um significado. A tese de Frankl sobre a "última das liberdades humanas" — a capacidade de escolher a própria resposta — ecoa diretamente na mensagem de que a realidade é interpretada, e não imposta. A primeira parte do livro é particularmente relevante.
  • Jung, C. G. (Ed.). (2016). O Homem e Seus Símbolos. Editora Nova Fronteira.
    Esta obra, concebida pelo próprio Jung para ser acessível ao público leigo, explora conceitos mencionados no artigo, como o subconsciente, a sombra e o processo de individuação (tornar-se íntegro). O ensaio inicial de Jung e os capítulos seguintes detalham como o inconsciente se comunica através de símbolos e como a integração das partes ocultas da psique é essencial para a saúde mental e a paz interior.
  • Burns, D. D. (2022). Sentir-se Bem: A Nova Terapia do Humor. Editora HarperCollins.
    Este livro oferece uma base prática e clínica para o conceito de "trocar as lentes". Baseado na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Burns demonstra como os nossos pensamentos criam os nossos sentimentos. Ele fornece métodos para identificar distorções cognitivas (os "filtros distorcidos" mencionados no artigo) e reestruturá-las, o que leva a uma mudança direta no estado emocional. Os primeiros capítulos, que estabelecem esta premissa, são especialmente pertinentes.
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