8 Sinais de Autossabotagem que Não Pode Ignorar
Já sentiu que a batalha mais difícil que enfrenta é consigo mesma? Focamo-nos tanto em evitar a toxicidade externa que, por vezes, esquecemo-nos de olhar para o espelho. A forma como nos tratamos pode ser mais prejudicial do que qualquer palavra ou ação vinda de fora. A verdadeira paz interior começa quando reconhecemos os momentos em que somos tóxicos para nós mesmos. Está pronta para essa reflexão em nome da sua felicidade? Aqui estão oito sinais a serem observados.
Desculpas Intermináveis
O pedido de desculpas constante transforma-se num reflexo, um "desculpe" automático que pontua as nossas frases. Imagine partilhar uma ideia numa reunião e sentir imediatamente a necessidade de se desculpar, temendo ter incomodado os outros ou que a sua sugestão não seja boa o suficiente. Esta autoculpabilização contínua desgasta a autoestima e a confiança, fazendo-a sentir-se indigna de ser ouvida. Pedir desculpa constantemente é um sinal de que se subestima e assume culpas desnecessárias, o que pode torná-la um alvo fácil para manipuladores. Acredite que as suas ideias são valiosas e que a sua voz é tão importante quanto a de qualquer outra pessoa.
Permanecer em Companhia Tóxica
Reflita sobre as pessoas com quem escolhe passar o seu tempo. Tem amigos ou parceiros que a diminuem, fazem-na sentir-se pequena ou aproveitam-se da sua bondade? Permanecer em relações onde é maltratada pode ser um sinal de baixa autoestima. Um parceiro que critica constantemente as suas escolhas ou um amigo que só aparece quando precisa de algo são exemplos claros. Se continua a investir tempo nessas pessoas por acreditar que não merece melhor, está a ser tóxica para si mesma. Relações unilaterais apenas drenam a sua energia e diminuem a sua autoestima. Cerque-se de pessoas que a elevam.
A Espera Ansiosa por uma Notificação
Verifica constantemente o telemóvel, esperando ansiosamente por mensagens que parecem nunca chegar? É fácil cair na armadilha de medir o nosso valor pela atenção online que recebemos. Contudo, a verdadeira autoestima floresce de dentro para fora. Em vez de atualizar a sua caixa de entrada em busca de validação, concentre-se em construir um sentido de valor que não dependa da aprovação dos outros.
Hipersensibilidade à Crítica
A forma como reagimos à crítica diz muito sobre a nossa autoconfiança. Levar qualquer feedback para o lado pessoal pode significar que o vê como um julgamento do seu valor, em vez de uma oportunidade de melhoria. Se um comentário do seu chefe a deixa arrasada o dia todo, ou se uma observação de uma amiga sobre a sua aparência a deixa insegura, é um sinal de que está a ser demasiado dura consigo mesma. Lembre-se de que a crítica, quando construtiva, refere-se a ações, não ao seu valor como pessoa. Separe-se do feedback e use-o como uma ferramenta para crescer. Contudo, se a crítica for destrutiva, destinada a minar a sua autoestima, reconheça a intenção e afaste-se de quem não lhe quer bem.
Autocrítica Severa e "Auto-Gaslighting"
Essa voz crítica, que duvida dos nossos próprios sentimentos ("estou a ser demasiado sensível?") ou intuições ("devo estar a imaginar coisas"), é frequentemente um eco internalizado de uma voz negativa do nosso passado. O termo psicológico "gaslighting" refere-se a uma forma de manipulação que leva alguém a questionar a sua própria sanidade; o "auto-gaslighting" é quando aplicamos este padrão a nós mesmos. Talvez essa voz a tenha protegido da rejeição na infância, mas agora apenas a destrói. Em vez de se julgar, tente abordar-se com curiosidade. O objetivo não é eliminar a autocrítica, mas torná-la construtiva. Ao fazer isso, valida as suas necessidades em vez de as invalidar.
A Armadilha da Comparação
A comparação é a ladra da alegria. Prepara-nos para a desilusão constante, fazendo-nos sentir inadequadas e infelizes. Pode estar a percorrer as redes sociais e sentir inveja das fotografias de férias de uma conhecida, questionando por que a sua vida não é tão emocionante. O percurso de cada pessoa é único. Não compare os seus bastidores com o palco principal de outra pessoa.
O Sono como Fuga
O sono, essencial para a nossa saúde, pode tornar-se uma forma de fuga. Isto acontece quando se deita cedo ou faz sestas, não por cansaço, mas para evitar lidar com o stresse e as dificuldades da vida. Embora o descanso seja crucial, depender do sono para evitar problemas — um comportamento conhecido como evitamento experiencial — pode agravá-los. Em vez disso, procure estratégias de enfrentamento mais saudáveis. Defina claramente o problema, estabeleça metas alcançáveis e relevantes, e defina um prazo para se manter no caminho certo. Lembre-se de que é perfeitamente normal procurar apoio quando precisa.
O Silêncio do "Sim" Constante
Concordar sempre com os outros para evitar conflitos pode significar que está a reprimir o seu verdadeiro eu. Pode aceitar um plano de um amigo de que não gosta apenas para não o aborrecer. Este comportamento de agradar aos outros (em inglês, "people-pleasing") pode levar ao ressentimento e à perda da sua própria identidade. A investigação mostra que este comportamento pode, por vezes, ser uma resposta a um trauma — uma forma de criar segurança nas relações, priorizando as necessidades dos outros para evitar conflitos e rejeição. Expressar as suas opiniões e defender aquilo em que acredita é fundamental.
Espero que este artigo a tenha ajudado a reconhecer algumas das formas como podemos ser tóxicos para nós mesmos. É preciso muita coragem para olhar para dentro e enfrentar estes comportamentos, mas fazê-lo é um passo poderoso em direção à cura. Lembre-se de que merece amor, respeito e felicidade. Estes sinais não são uma medida do seu valor; são simplesmente áreas onde pode crescer e tornar-se mais gentil consigo mesma. Se algum destes pontos ressoou consigo, saiba que não está sozinha.
Referências
- Brown, B. (2010). The Gifts of Imperfection: Let Go of Who You Think You're Supposed to Be and Embrace Who You Are.
Este livro aborda diretamente temas como a vergonha, a vulnerabilidade e a autoestima. É extremamente relevante para as secções sobre "A Armadilha da Comparação" e "O Silêncio do 'Sim' Constante", pois a autora defende a importância da autenticidade e da coragem para se ser imperfeito, em vez de procurar constantemente a aprovação externa.
- Neff, K. (2011). Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself.
Esta obra é fundamental para compreender a "Autocrítica Severa" e a "Hipersensibilidade à Crítica". A Dr.ª Neff apresenta a autocompaixão como uma alternativa mais saudável à autoestima baseada no desempenho. O livro oferece técnicas práticas para desenvolver uma voz interior mais gentil e solidária, o que se alinha com a sugestão de transformar a autocrítica em algo construtivo. Especificamente, os capítulos sobre os três componentes da autocompaixão (auto-bondade, humanidade comum e mindfulness) fornecem uma base teórica e prática para o artigo (particularmente nas Partes I e II).