O comportamento suicida refere-se a pensamentos, intenções e ações relacionados ao desejo de tirar a própria vida, representando um grave sinal de sofrimento psíquico. Essa conduta abrange desde ideação suicida — pensamentos recorrentes sobre morrer ou “sumir” — até tentativas de suicídio, ou seja, ações deliberadas para pôr fim à própria existência. Em muitos casos, o comportamento suicida é precedido por sinais de alerta e sintomas de transtornos mentais, mas pode ocorrer em contexto de crise aguda, desencadeada por eventos estressantes.
Dentre os principais sinais de alerta, destacam-se alterações cognitivas e comportamentais, como falar ou escrever sobre morte, desesperança ou inutilidade, além de retirar-se de atividades sociais e hobbies que antes eram prazerosos. Há também a tendência de “acertar assuntos” e doar objetos pessoais de valor afetivo, como se preparasse o terreno para a despedida. Observa-se, ainda, mudanças no padrão de sono e apetite, irritabilidade súbita e aumento do uso de substâncias psicoativas.
Os fatores de risco para o comportamento suicida são multifatoriais. Entre eles, estão transtornos psiquiátricos, especialmente depressão maior, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtornos de personalidade. O abuso de álcool e drogas, histórico de tentativas anteriores e experiências de trauma ou violência — como abuso na infância ou violência doméstica — também aumentam a vulnerabilidade. Elementos socioeconômicos, como desemprego, isolamento social, discriminação e falta de suporte afetivo, intensificam o risco.
A prevenção exige atuação integrada. Em nível comunitário, políticas públicas devem promover acesso a serviços de saúde mental, campanhas de conscientização e treinamentos para gatekeepers — profissionais e voluntários que atuam em escolas, empresas e organizações comunitárias. Esses agentes são capacitados a identificar sinais e encaminhar pessoas em risco para atendimento especializado, reduzindo o tempo entre o surgimento dos sintomas e o início do tratamento.
Em âmbito clínico, o acolhimento empático e a escuta ativa são fundamentais. A avaliação de risco inclui entrevistas estruturadas, aplicação de escalas específicas e investigação de fatores de histórico pessoal e familiar. A intervenção terapêutica combina psicoterapia, em especial abordagens cognitivo-comportamentais e terapias de terceira onda, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), com manejo de medicação quando indicado, como antidepressivos e estabilizadores de humor.
O suporte familiar e social desempenha papel crucial. Manter canais de diálogo abertos, oferecer companhia em momentos de crise e realizar acompanhamento contínuo fortalecem a sensação de pertencimento e esperança. Em situações de emergência, quando há ameaça iminente de suicídio, é necessário acionar imediatamente serviços de urgência ou linhas de apoio (como Centros de Valorização da Vida, no Brasil) que funcionam 24 horas.
O autocuidado e o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional contribuem para a prevenção de recorrências. Atividades de mindfulness, técnicas de relaxamento e prática regular de exercícios físicos auxiliam na redução da ansiedade e no aumento da resiliência. Grupos de apoio e redes online também oferecem espaços seguros para compartilhar experiências e reforçar a solidariedade.
Reconhecer que o comportamento suicida não é uma fraqueza de caráter, mas sim um sinal de adoecimento mental, é o primeiro passo para humanizar o cuidado. A disseminação de informações baseadas em evidências contribui para combater o estigma e encorajar a busca por ajuda. Com intervenção precoce, escuta especializada e rede de suporte, é possível salvar vidas e promover caminhos de recuperação e significado.