O Drama Simbólico — também chamado de Psicoterapia Katathym-Imagem — chegou ao Brasil tímido nas décadas de 1990, mas vem ganhando espaço entre psicoterapeutas que buscam unir imaginação guiada, teoria junguiana e técnicas fenomenológicas de expressão corporal. Criado pelo psiquiatra alemão Hanscarl Leuner, o método parte da premissa de que imagens internas espontâneas são atalhos para a psique profunda. Em vez de interpretar sonhos de forma saltatória, o terapeuta convida o cliente a mergu...
O protocolo costuma seguir três fases. Primeiro, relaxamento progressivo: a respiração desacelera, e o terapeuta sugere um cenário neutro — um prado, um lago, um caminho de montanha. Na segunda fase, emergem símbolos espontâneos: uma ponte quebrada, um cavalo alado, uma casa sem portas. O cliente descreve cores, texturas, cheiros; o terapeuta escuta sem concluir, registrando nuances. Na fase de dramatização, o terapeuta pode pedir que o cliente “entre” no símbolo: atravessar a ponte, dialogar com ...
Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2025) indicam que doze sessões quinzenais de Drama Simbólico reduziram sintomas de ansiedade generalizada em 38 %, com ganhos mantidos aos nove meses. O diferencial apontado foi a facilidade de acesso a emoções precognitivas — sentimentos que não haviam sido nomeados, mas apareciam como imagem corporal (por exemplo, um nó em torno do tornozelo retratado por correntes imaginárias).
A cultura brasileira enriquece o método: terapeutas convidam a imaginar cenários de festas juninas, praias nordestinas ou florestas amazônicas, respeitando referências do cliente. Em grupos de adolescentes, miniaturas de cordel e ritmos de maracatu servem como trilha para a criação de narrativas coletivas, reforçando vínculos e criatividade.
A ética exige demarcação clara de fronteiras: caso surjam imagens intrusivas ou trauma não integrado, o terapeuta desconstrói a cena, convida o cliente a abrir os olhos e usar técnicas de grounding (sentir os pés no chão, beber água). Assim, garante‑se que a exploração imaginativa não vire revivência desestruturante.
No fim, o Drama Simbólico oferece palco seguro onde arquétipos dançam, monstros ganham voz e heróis internos encontram caminhos antes invisíveis — uma cartografia poética para construir sentido e cura.