A Terapia Centrada na Pessoa (TCP) chegou ao Brasil acompanhada pela onda humanista que, nos anos 1970, questionava abordagens diretivas e patologizantes. Inspirada no psicólogo Carl Rogers, ela parte do princípio de que cada indivíduo possui dentro de si um impulso natural de atualização, ou seja, a tendência de concretizar seu potencial. Ao terapeuta cabe criar um ambiente facilitador – genuíno, empático e com aceitação incondicional – para que a pessoa revele e reorganize seu mundo interno....
Na prática clínica, a sessão de TCP parece, à primeira vista, simples: o terapeuta escuta, faz breves devolutivas e valida emoções. Porém, essa simplicidade exige refinamento técnico: presença plena, ausência de julgamento e capacidade de refletir sentimentos subjacentes, muitas vezes expressos em nuances de voz ou silêncios prolongados. Quando o cliente diz “estou exausto”, o profissional pode responder “você se sente drenado, como se não houvesse espaço para si” – ampliando a consciência sobre a ex...
A TCP tem se mostrado eficaz em contextos diversos, de ambulatórios de saúde mental a consultórios privados. Pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais apontaram redução significativa de sintomas depressivos após doze encontros semanais, sobretudo em jovens adultos que relataram sentir‑se “finalmente ouvidos”. Em programas comunitários, grupos centrados na pessoa ajudam moradores de regiões vulneráveis a compartilharem narrativas de resiliência, fortalecendo senso de pertencimento.
Outro diferencial é a perspectiva não diretiva: em vez de prescrever tarefas, a terapeuta confia na sabedoria interna do cliente. Isso não significa passividade; implica acreditar que perguntas relevantes emergirão na relação. Esse posicionamento contrasta com modelos cognitivo‑comportamentais, que oferecem exercícios estruturados. Muitos clientes buscam a TCP justamente para explorar conflitos identitários sem rótulos clínicos invasivos.
A formação recomendada no Brasil envolve cursos de especialização de 360 horas, que combinam teoria rogeriana, prática supervisionada e vivências de grupo. Ética é palavra‑chave: a profissional deve reconhecer limites, evitar diagnósticos reducionistas e acolher diversidades culturais. Assim, a TCP se firma como um espaço democrático onde cada pessoa pode, em diálogo autêntico, descobrir suas próprias respostas.