A Psicologia Humanista, popularizada no Brasil a partir dos anos 1970, destaca a potência criativa do ser humano e sua busca por autorealização — conceito que vai além de “autoajuda” superficial. Enquanto abordagens comportamentais se concentram em modificar hábitos e a psicanálise em decifrar o passado, a visão humanista pergunta: “Quem você escolhe ser agora?” Essa pergunta ecoa a filosofia existencial e celebra a liberdade de construir significado mesmo diante de limitações sociais.
No cerne do modelo está a noção de tendência atualizante, descrita por Carl Rogers, segundo a qual todo organismo possui um impulso intrínseco para crescimento e integração. Em consultório, o terapeuta humanista encarna três atitudes‑chave: empatia, autenticidade e consideração positiva incondicional. Isso significa ouvir com presença plena, ser transparente sobre as próprias reações e acolher o cliente sem rótulos. Pesquisas da UFRGS (2023) revelam que quando clientes percebem essas atitudes, relatam maior engajamento e esperança.
A prática inclui técnicas experienciais: focar na sensação corporal ao falar de um problema, utilizar imaginação guiada para vivenciar o “eu ideal” ou explorar diálogos internos em voz alta. A meta não é didatizar o cliente, mas criar condições para que a sabedoria interna emerja. Para populações marginalizadas, a Psicologia Humanista agrega análise crítica: reconhece que autorealização é afetada por racismo, pobreza e gênero, buscando empoderar sem culpabilizar.
Programas comunitários de Abordagem Centrada na Pessoa aplicam círculos de diálogo em escolas. Relatórios do Ministério da Saúde (2024) apontam queda de 25 % em evasão escolar onde esses círculos ocorrem.
Outro pilar é a pirâmide de necessidades de Maslow, frequentemente mal interpretada. Humanistas brasileiros enfatizam que necessidades podem ser satisfeitas de forma não linear. O importante é identificar quais clamam por atenção.
Formação exige estudo de fenomenologia, filosofia existencial e pesquisa qualitativa. A ética reforça que o terapeuta não deve manipular nem impor valores; atua como catalisador.
Ao concluir, muitos relatam sentir‑se “mais inteiros”. A Psicologia Humanista lembra que cada sujeito é obra aberta — assumir a autoria da própria vida é o maior ato de liberdade.