A Psicologia Adleriana — também chamada de Psicologia Individual — apresenta‑se como uma proposta humanista que reconhece o ser humano como um todo social, criativo e orientado para metas. Em vez de focar exclusivamente nos sintomas, ela investiga o estilo único de vida que cada pessoa desenvolve a partir da infância para conquistar pertença e importância. Essa abordagem foi concebida por Alfred Adler, psiquiatra austríaco que, no início do século XX, questionou a visão determinista da psicanálise clássica e propôs que o cerne da mudança está na cooperação e no sentido de comunidade.
Princípios fundamentais
O conceito de interesse social ocupa o centro da teoria: somos biologicamente inclinados a conectar‑nos e contribuir para o bem‑estar coletivo. Quando essa inclinação é frustrada ou distorcida, surgem crenças de inferioridade que podem se manifestar como retraimento, competição hostil ou busca excessiva de aprovação. A terapia convida o cliente a compreender como esses padrões se cristalizaram e a desenvolver coragem para experimentar novas formas de relação.
Estilo de vida e metas fictícias
Adler observou que, já por volta dos cinco anos, uma criança constrói um «plano de vida» — um conjunto silencioso de crenças, emoções e estratégias que funcionam como óculos através dos quais enxerga o mundo. Esse plano contém uma meta fictícia: uma imagem ideal de sucesso que promete superar sentimentos de inferioridade. Na vida adulta, no entanto, a rigidez desse estilo pode gerar conflitos, pois situações atuais são interpretadas sempre sob as mesmas lentes antigas.
Papel do terapeuta
O profissional adleriano atua como colaborador empático. Por meio de entrevista de infância, análise de primeiros recordações («early recollections») e tarefas encorajadoras, ele ajuda o cliente a descobrir o fio narrativo que une suas escolhas. Não se trata de rotular, mas de aumentar a consciência para que a pessoa possa reescrever capítulos futuros com mais flexibilidade e sentido.
Técnicas e intervenções
- Encourajamento — cultivar confiança nas capacidades do cliente, destacando pequenas vitórias.
- Reenquadramento de inferioridade — transformar sentimentos de inadequação em propulsão para crescimento.
- Criação de imagem social — imaginar ações cooperativas que expressem o interesse social adormecido.
- Tarefas graduais — experimentar novos comportamentos em etapas, reduzindo medo de fracasso.
Aplicações práticas
A Abordagem Adleriana é utilizada em psicoterapia individual, orientação de casais, programas escolares e consultoria organizacional. Pesquisas apontam eficácia na redução de depressão e na promoção de habilidades socioemocionais em adolescentes. A flexibilidade de seus conceitos permite integrar técnicas contemporâneas de mindfulness e terapia breve, sem perder o foco no sentimento comunitário.
Por que escolher esta abordagem?
Se você busca uma terapia que vá além de «consertar problemas» e o convide a descobrir como contribuir de maneira significativa para o mundo, a Psicologia Adleriana pode ser o caminho. Ela lhe mostrará que superar a inferioridade não é tornar‑se melhor que os outros, mas sentir‑se em parceria com eles, construindo uma vida guiada por propósito, cooperação e coragem.