A Terapia Focada nas Emoções (EFT – Emotionally Focused Therapy) conquistou espaço no Brasil como abordagem de escolha para casais que vivenciam ciclos repetitivos de afastamento, ciúme e explosões emocionais. Criada por Sue Johnson, a EFT parte da teoria do apego e vê o conflito conjugal não como falta de habilidades de comunicação, mas como um grito por conexão segura. Em sessões de 50 a 70 minutos, o terapeuta identifica o “ciclo demoníaco”: um parceiro protesta, o outro se defende, ambos se sentem sós. Esse mapa relacional é apresentado ao casal, que passa a perceber o problema como inimigo externo, não como falha de caráter.
A fase 1, Descongelar o padrão, envolve evocar emoções primárias subjacentes – medo de abandono, vergonha de não ser bom o bastante. O terapeuta usa perguntas experienciadoras: “Quando ele se cala, o que acontece aqui dentro?” e acompanha com validação empática. Quando a emoção aflora, surge possibilidade de reestruturação.
Na fase 2, Reestruturação dos vínculos, cada parceiro formula um pedido de ligação emocional: “Preciso saber que você me escolhe”. Esse diálogo engatilha nova dança: quem costumava atacar agora expõe vulnerabilidade; quem se retraía oferece responsividade. Estudos da USP (2024) mostram que 85 % dos casais relatam melhora clínica após dezoito sessões.
Aplicações vão além de casais. Na EFT‑Individual (EFIT), o terapeuta ajuda o cliente a revisitar feridas de apego – bullying, perda parental – e a desenvolver “figuras seguras internas”. Em contexto familiar, a EFT‑Família promove diálogos corretivos entre pais e filhos adolescentes, reduzindo escalada de violência doméstica.
O método prevê deveres de casa suaves, como exercícios de toque intencional ou cartas de gratidão. Não há técnicas de persuasão lógica; o foco é no sentir, pois mudança emocional genuína precede mudança cognitiva. Para sustentar resultado, ensina‑se o ritual “Check‑in de Conexão”: cinco minutos diários de escuta e validação mútua.
Formação em EFT no Brasil requer curso básico de 32 horas, cinco dias de Core Skills e supervisão de gravações. A postura do terapeuta precisa equilibrar direção e humildade: ele guia o processo, mas confia no potencial de reparo do vínculo. Quando bem conduzida, a EFT converte a tempestade conjugal em porto seguro, onde diferenças são navegadas com afeto e curiosidade.
