A Terapia de Processamento Cognitivo (Cognitive Processing Therapy – CPT) é reconhecida no Brasil como um dos tratamentos mais sólidos para transtorno de estresse pós‑traumático (TEPT). Diferente de abordagens centradas em exposição prolongada, a CPT convida o paciente a examinar as “travas mentais” – chamadas de crenças de estagnação – que se formaram após o evento traumático. Exemplos são ideias como “eu falhei ao não impedir o acidente” ou “o mundo é totalmente perigoso”. Essas crenças distorcidas...
O protocolo original, desenvolvido por Patricia Resick, prevê 12 sessões, mas na prática clínica brasileira adapta‑se a demandas locais: grupos de refugiados recebem versões de 8 encontros, enquanto veteranos das Forças Armadas passam por módulos intensivos de quatro dias. O processo inicia com psicoeducação sobre TEPT: o terapeuta explica por que flashbacks e hipervigilância são reações normais a experiências extremas. Em seguida, apresenta o conceito de “assimilação” (culpar‑se por tudo) e “over‑ac...
A fase de reestruturação cognitiva envolve a redação de um Impact Statement – carta em que o paciente descreve como o trauma afetou crenças sobre segurança, confiança, poder e intimidade. O texto é revisado várias vezes, confrontando inferências sem evidência e introduzindo perspectivas mais equilibradas. Para manter engajamento, muitos profissionais incluem elementos culturais: músicas populares que falam de superação, metáforas futebolísticas para ilustrar “jogo interno” e exercícios de respiraçã...
Estudos brasileiros, conduzidos na UFRJ e publicados em 2024, mostram redução de 55 % nos escores da PCL‑5 após dez sessões de CPT em formato telepsicologia, reforçando que a terapia on‑line é tão eficaz quanto a presencial quando respaldada por plataformas criptografadas. Além disso, a integração com aplicativos de registro de humor facilita o acompanhamento diário dos sintomas e promove autorregulação entre sessões.
A ética ocupa lugar central: antes de iniciar CPT, avalia‑se risco de suicídio, abuso contínuo ou uso prejudicial de substâncias. Em casos complexos, a intervenção é feita em equipe multidisciplinar, envolvendo psiquiatras e assistentes sociais. O terapeuta estabelece um plano de segurança, discute estratégias de grounding e ensina habilidades para tolerar emoções intensas que podem emergir durante o processamento das memórias.
Para quem considera iniciar CPT, recomenda‑se buscar profissionais com formação específica em TEPT, supervisão ativa e experiência em populações semelhantes (vítimas de violência urbana, acidentes, desastres naturais). A aliança terapêutica – sensação de ser compreendido e respeitado – é preditor-chave de sucesso. Quando bem conduzida, a CPT oferece uma rota estruturada para transformar lembranças dolorosas em narrativa integrativa, resgatando a sensação de controle e restaurando a esperança de um futu...