
Sonhos acompanham a humanidade desde sempre. Durante o sono REM, nosso cérebro cria narrativas vivas que misturam memórias, desejos, medos e pura criatividade. Estudos de neurociência mostram que essas imagens não são aleatórias: elas ajudam a consolidar lembranças e a regular emoções. Povos indígenas brasileiros, por exemplo, consideram os sonhos uma via de contato espiritual, enquanto a psicologia moderna os vê como uma forma de processamento de informação.
A experiência onírica varia muito. Podemos voar sobre florestas, reviver conversas importantes ou encontrar pessoas que já partiram. Em geral, o conteúdo reflete preocupações diurnas: quem está ansioso com exames pode sonhar com salas de aula; quem vive luto pode sonhar com despedidas. Ainda assim, imagens simbólicas – labirintos, animais, água – podem representar dilemas internos de forma indireta.
Quando os sonhos viram fonte de sofrimento – como nos pesadelos recorrentes ou na paralisia do sono – é sinal de que o sistema nervoso está sobrecarregado. Pesadelos ligados a traumas podem fragmentar o sono e levar à irritabilidade, ao medo de adormecer e até ao uso excessivo de café ou álcool para ficar desperto. Crianças expostas a violência doméstica também podem desenvolver terror noturno, o que prejudica seu desenvolvimento cognitivo.
Existem estratégias eficazes. O diário de sonhos ajuda a identificar padrões: anotar imediatamente após acordar melhora a lembrança de detalhes e permite perceber gatilhos emocionais. A terapia cognitivo‑comportamental para insônia (TCC‑I) reduz despertares noturnos e ensina técnicas de relaxamento muscular. Para pesadelos traumáticos, o método de ensaio imagético convida a reescrever o final do sonho durante o dia, diminuindo sua intensidade à noite.
Boas práticas de higiene do sono são fundamentais: quarto escuro e silencioso, horários regulares, evitar telas azuis antes de deitar e limitar estimulantes. Exercícios de respiração, meditação guiada e escuta de sons calmantes favorecem a transição para o REM. Se mesmo assim o desconforto persistir, procure ajuda profissional. Psicólogos, psiquiatras e clínicas do sono possuem ferramentas diagnósticas avançadas, como a polissonografia, e podem indicar tratamentos medicamentosos ou psicoterapêuticos adequados.
Lembre‑se: sonhar é natural, mas você não precisa sofrer com seus sonhos. Com informação, autoconhecimento e apoio especializado, é possível transformar a noite em aliada da sua saúde mental.