
Questões femininas abrangem uma gama de desafios biopsicossociais que atravessam o ciclo de vida da mulher: menarca, saúde menstrual, fertilidade, gravidez e puerpério, climatério, violência de gênero, dupla jornada de trabalho, disparidades salariais, pressão estética, racismo e LGBTQIAP+fobia. Cada etapa carrega necessidades específicas que, se ignoradas, podem repercutir em ansiedade, depressão ou adoecimento físico.
Saúde reprodutiva: endometriose, síndrome dos ovários policísticos e transtorno disfórico pré‑menstrual afetam produtividade e autoestima. A terapia cognitivo‑comportamental (TCC) aliada a educação ginecológica melhora manejo da dor e autocompaixão. Durante a gestação, transtornos de ansiedade podem surgir por medo do parto ou mudança de identidade; intervenções de mindfulness reduzem cortisol e aumentam vínculo materno‑fetal.
Violência de gênero: no Brasil, uma mulher é vítima de feminicídio a cada 6 horas (FBSP, 2024). Viver em ambiente de violência doméstica provoca TEPT, pânico e ideação suicida. Acolhimento psicológico deve articular rede de proteção (Disque 180, delegacias da mulher, casas‑abrigo) e técnicas de estabilização emocional, como grounding 5‑4‑3‑2‑1.
Mercado de trabalho: o gender pay gap persiste em 22 %. Mulheres enfrentam síndrome da impostora, mansplaining e teto de vidro. Coaching de carreira e treinamento de assertividade auxiliam na negociação salarial e ocupação de espaços de liderança. Organizações que implementam políticas de licença parental equitativa e creches corporativas melhoram retenção de talentos femininos.
Papel da maternidade: a romantização do “instinto materno” ignora ambivalências naturais. Cuidar de crianças e pais idosos simultaneamente gera sobrecarga que pode evoluir para burnout materno. Grupos de apoio e divisão equilibrada de tarefas domésticas são fatores protetores.
Saúde mental na menopausa: oscilações hormonais desencadeiam fogachos, insônia e irritabilidade. Terapia hormonal pode ser combinada com TCC para insônia, além de exercício aeróbico que melhora densidade óssea e humor.
Interseccionalidade: mulheres negras, indígenas, quilombolas ou trans enfrentam múltiplos eixos de opressão. A escuta clínica deve reconhecer essas camadas e oferecer encaminhamento para serviços específicos (saúde da mulher negra, ambulatórios trans).
Estratégias terapêuticas:
- TCC focada em gênero para desconstruir crenças de inadequação e culpa.
- Terapia de aceitação e compromisso para alinhar ações a valores feministas.
- Grupos de sororidade que promovem empoderamento coletivo.
- Mindfulness e ioga adaptados a cada fase hormonal.
- Aconselhamento financeiro para autonomia econômica.
Recado final: abordar questões femininas requer sensibilidade, ciência e advocacy. Profissionais que validam experiências e fornecem ferramentas transformam dor em potência, guiando mulheres a vidas saudáveis e plenas.