
Violência na adolescência refere‑se a comportamentos intencionais de agressão física, psicológica ou sexual praticados ou experienciados por jovens de 12 a 18 anos. Ela inclui brigas corporais, bullying presencial ou virtual, violência no namoro, atos de gangues, uso de armas, intimidação, extorsão e vandalismo. Embora alguns conflitos sejam parte do desenvolvimento, a violência repetida sinaliza desequilíbrios individuais, familiares e comunitários que exigem intervenção.
Fatores de risco: histórico de abuso ou negligência, exposição prolongada à violência doméstica ou comunitária, transtornos de conduta, TDAH não tratado, consumo precoce de álcool e drogas, pares desviantes, baixa supervisão parental, pobreza intergeracional, racismo estrutural, normas de gênero que glorificam agressividade e acesso facilitado a armas. Pesquisas longitudinais (ECLS‑B, 2023) indicam que a confluência desses fatores aumenta em até 7 vezes a probabilidade de violência grave.
Fatores de proteção: vínculo afetivo com pelo menos um adulto de confiança, estratégias parentais de disciplina positiva, engajamento escolar, participação em esportes coletivos, habilidades de resolução de conflitos, oportunidades de protagonismo juvenil e acesso oportuno a serviços de saúde mental.
Consequências para perpetradores e vítimas abrangem lesões físicas, trauma psicológico, desempenho acadêmico prejudicado, evasão escolar, gravidez não planejada, estigmatização, envolvimento no sistema penal e maior risco de transtornos por uso de substâncias. O custo econômico inclui gastos com saúde, segurança e perda de produtividade.
Prevenção baseada em evidências:
- Programas escolares como Second Step, Olweus e KiVa, que fortalecem empatia, autorregulação e clima de sala de aula.
- Treinamento parental (Triple P, Incredible Years) – ensina supervisão consistente, comunicação e reforço positivo.
- Mentoria comunitária – vínculo com adultos voluntários que modelam alternativas pró‑sociais.
- Intervenções de justiça restaurativa – círculos de paz que promovem responsabilização sem exclusão.
- Políticas públicas – controle de armas, iluminação urbana, espaços de lazer seguros, combate à evasão escolar.
Resposta clínica: avaliação de risco (ferramentas SAVRY), planos de segurança individual, terapia cognitivo‑comportamental de grupo, manejo de raiva, reforço de habilidades sociais e, quando necessário, cuidado psiquiátrico para comorbidades.
Papel da escola e da família: estabelecer códigos de conduta claros, canais anônimos de denúncia, mediação de conflitos e projetos de serviço comunitário que convertam energia em liderança positiva.
Tecnologia e mídia: cyberbullying amplia alcance da violência. Educação digital crítica, monitoramento colaborativo de redes sociais e envolvimento de plataformas na moderação reduzem exposição a discurso de ódio.
Mensagem final: a violência na adolescência não é destino. Intervenções precoces, apoio afetivo e oportunidades reais de desenvolvimento podem transformar trajetórias de risco em histórias de resiliência e construção de comunidades mais seguras.