Abuso sexual é qualquer ato de natureza sexual realizado sem consentimento livre e consciente. Pode incluir coerção, manipulação, exploração de vulnerabilidade, uso de violência física ou ameaça, e ocorre tanto em contextos familiares (incesto, abuso por padrasto) quanto extrafamiliares (assédio, estupro, tráfico sexual). Crianças, adolescentes e adultos podem ser vítimas, mas a infância é período de especial vulnerabilidade. Estatísticas brasileiras indicam que a maioria dos casos aco...
Consequências psicológicas abarcam transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, ansiedade, automutilação, abuso de substâncias, dificuldade de confiar em vínculos e distúrbios de imagem corporal. Muitas vítimas desenvolvem crenças de culpa (“eu permiti”) ou vergonha tóxica que corroem autoestima e prejudicam vida sexual futura. Alterações neurobiológicas em circuitos de medo e recompensa explicam hipervigilância e dissociação.
Sinais de alerta em crianças: regressão no comportamento (enurese, chupeta), conhecimento sexual inadequado para idade, medo de ficar com determinado adulto, mudanças abruptas de humor, lesões genitais. Em adultos, pode haver flashbacks, pesadelos, evitação de locais ou estímulos que lembrem o evento.
Primeira resposta e acolhimento: acreditar na vítima, garantir ambiente seguro e buscar atendimento médico imediato para coleta de provas (até 72h), profilaxia IST/HIV e contracepção de emergência. Notificação é obrigatória em menores de 18 anos no Brasil.
Tratamento baseado em evidências:
- Terapia Cognitivo-Comportamental Focada em Trauma (TF‑CBT) – processamento gradual da lembrança, reestruturação de culpa e construção de narrativa de superação.
- EMDR – dessensibiliza memórias traumáticas por estimulação bilateral, diminuindo intensidade emocional.
- Terapia Sensório-Motora e Somatic Experiencing – integram corpo e mente, liberando hiperexcitação crônica.
- Psicoeducação e grupos de apoio – validam experiências, reduzem isolamento e fortalecem rede social.
- Medicação – ISRS para depressão/ansiedade, estabilizadores de humor se necessário.
Justiça restaurativa e empowerment: algumas vítimas encontram cura ao participar de processos que oferecem voz e reparação. A lei Maria da Penha e o Estatuto da Criança e do Adolescente garantem medidas protetivas e prioridade no julgamento.
Prevenção envolve educação sexual baseada em direitos, formação de professores para identificar sinais de abuso, política de portas abertas em organizações infantis e canais anônimos de denúncia. Conversas francas sobre consentimento ajudam crianças a reconhecer situações inadequadas.
Mensagem final Sobreviventes de abuso sexual não definem sua identidade pelo trauma. Com apoio profissional, jurídico e comunitário, é possível reconquistar segurança corporal, reconstruir narrativas de poder pessoal e estabelecer relacionamentos saudáveis livres de culpa e medo.
