
Deficiência Intelectual é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo — habilidades necessárias para a vida diária, como cuidados pessoais, comunicação, socialização e autonomia. A condição, anteriormente chamada de “retardo mental”, manifesta-se antes dos 18 anos e acompanha a pessoa por toda a vida, embora o grau de suporte necessário varie amplamente.
Classificação: A Associação Americana de Deficiências Intelectuais e do Desenvolvimento (AAIDD) e o DSM‑5 utilizam níveis de gravidade — leve, moderado, grave e profundo — baseados na autonomia em três domínios adaptativos: conceitual (leitura, escrita, finanças), social (empatia, relações) e prático (rotina, segurança).
Causas multifatoriais incluem:
- Genéticas — síndrome de Down, X‑frágil, microdeleções cromossômicas.
- Pré‑natais — infecções congênitas, exposição a álcool (síndrome alcoólica fetal), desnutrição materna.
- Péri‑natais — asfixia, prematuridade extrema, hemorragia intraventricular.
- Pós‑natais — meningoencefalites, traumatismo craniano, intoxicação por chumbo.
- Ambientais — pobreza extrema, privação psicossocial severa.
Avaliação envolve testes de QI padronizados (WISC, WAIS) e escalas adaptativas (Vineland, ABAS‑3), além de exames genéticos e metabólicos. A intervenção precoce (estimulação na primeira infância) é fundamental para otimizar neuroplasticidade.
Intervenções:
- Educação especial inclusiva — adapta currículo, usa recursos multimodais e equipes multiprofissionais.
- Terapias — fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, ABA para treinar habilidades funcionais.
- Treinamento vocacional — prepara para empregos apoiados ou microempreendedorismo.
- Apoio psicossocial — psicoeducação familiar, grupos de irmãos, mentoring de pares.
- Tecnologia assistiva — dispositivos de comunicação aumentativa, aplicativos de rotina visual.
Saúde mental: até 40 % apresentam comorbidades (ansiedade, TDAH, depressão). O acompanhamento psiquiátrico considera posologia adaptada e monitoramento de efeitos colaterais, já que expressar sintomas pode ser difícil.
Direitos e legislações brasileiras (Lei Brasileira de Inclusão, BPC/LOAS) garantem acesso a educação, trabalho e renda mínima. Barreiras arquitetônicas e atitudinais, porém, ainda restringem participação plena; campanhas de capacitismo zero visam reduzir estigma.
Transição para a vida adulta exige planejamento: avaliação de tutela, programas de moradia assistida e treinamento de habilidades domésticas (cozinhar, transporte público). A autodeterminação — escolher roupas, amigos, atividades — deve ser estimulada em qualquer nível de suporte.
Por fim, deficiência intelectual não define toda a identidade. Com intervenções personalizadas, rede de apoio e respeito, pessoas com DI podem estudar, trabalhar, amar e contribuir para a sociedade, afirmando o direito de viver com dignidade e propósito.