
Infertilidade é definida como a incapacidade de conceber após 12 meses de relações sexuais regulares sem contraceptivos ou de levar a gestação a termo. Afeta cerca de 15 % dos casais no mundo, mas raramente é assunto aberto devido a tabus sobre fertilidade, virilidade e maternidade. O impacto vai além do corpo: sentimentos de fracasso, vergonha, ansiedade e culpa podem corroer a autoestima e desgastar o relacionamento. Muitas mulheres descrevem a percepção de que «o relógio biológ...
Causas multidimensionais:
- Fatores femininos — síndrome dos ovários policísticos, endometriose, miomas, falência ovariana precoce, alterações anatômicas tubárias, doenças autoimunes.
- Fatores masculinos — oligospermia, azoospermia, varicocele, infecções, alterações genéticas no cromossomo Y.
- Fatores combinados ou inexplicados — até 20 % dos casos se enquadram em “infertilidade sem causa aparente”.
- Fatores psicossociais — estresse crônico, privação de sono, uso excessivo de álcool, tabaco ou anabolizantes, exposição ocupacional a toxinas.
Opções de diagnóstico incluem ultrassonografia pélvica, histerossalpingografia, perfil hormonal (FSH, LH, estradiol, AMH), espermograma e testes genéticos. O casal é avaliado como uma unidade; culpar um parceiro agrava a tensão.
Tratamentos:
- Indução de ovulação com citrato de clomifeno ou letrozol.
- Inseminação intrauterina (IIU) — introduz o sêmen preparado diretamente no útero.
- FIV/ICSI — fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoide para contornar fatores graves.
- Doação de gametas ou embriões.
- Gestação de substituição (barriga solidária) quando a gravidez representa risco à saúde.
A jornada de reprodução assistida envolve múltiplos ciclos, injeções hormonais, exames invasivos e alto custo financeiro. Isso gera ansiedade antecipatória antes de cada beta‑hCG. Acompanhamento psicológico individual ou em grupo reduz sintomas de depressão e aumenta a adesão ao tratamento. Técnicas de mindfulness, acupuntura e yoga mostram benefícios como adjuvantes.
Impactos no relacionamento: diferenças na forma de vivenciar a dor podem levar a distanciamento ou culpa recíproca. A terapia de casal fortalece comunicação, define limites em conversas com familiares e elabora planos B (adoção, vida sem filhos).
Cultura e sociedade: em algumas comunidades, a fertilidade feminina é associada ao valor social, intensificando o estigma. Campanhas públicas e narrativas de influenciadoras que compartilham FIV ajudam a normalizar o tema. No ambiente de trabalho, políticas de licença para procedimentos e confidencialidade de laudos evitam discriminação.
Decisões éticas incluem criopreservação de embriões, descarte de óvulos não usados e escolha de doadores. Conselhos de bioética orientam protocolos para garantir consentimento informado e respeito à diversidade familiar.
Lembre‑se: infertilidade não define identidade. Seja qual for o desfecho — gravidez, adoção ou redefinição de projetos de vida — buscar apoio profissional e rede de afeto permite recuperar autonomia e significado.