
Transtornos alimentares são condições de saúde mental que envolvem padrões persistentes de alimentação disfuncional e preocupações excessivas com peso ou imagem corporal. Entre os mais conhecidos estão Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), mas também existem ortorexia, vigorexia e pica. No Brasil, estima‑se que mais de dois milhões de pessoas sofram alguma forma de transtorno alimentar, sendo adolescentes e jovens adultos – especialmente mulheres – o grupo de maior risco. Contudo, homens, pessoas não binárias e idosos também são afetados, muitas vezes subdiagnosticados por estereótipos de gênero.
Anorexia Nervosa caracteriza‑se por restrição calórica severa, medo intenso de engordar e distorção da autoimagem. Consequências físicas incluem amenorreia, osteopenia, hipotensão e risco de insuficiência cardíaca. Bulimia Nervosa envolve episódios de compulsão – ingestão rápida de grandes quantidades de alimento – seguidos por comportamentos compensatórios, como vômitos autoinduzidos, uso abusivo de laxantes ou exercícios extenuantes. Já o TCAP apresenta compulsões sem compensação posterior, levando a sobrepeso ou obesidade e alto impacto emocional.
Fatores de risco combinam predisposição genética, perfeccionismo, bullying, pressões socioculturais e uso intenso de redes sociais que amplificam ideais corporais irreais. Atletas de modalidades com categorias de peso ou estética, como ginástica e balé, também apresentam prevalência elevada. Eventos traumáticos, abuso infantil e transtornos de ansiedade potencializam o desencadeamento.
Os sinais de alerta incluem: contagem obsessiva de calorias, comer sozinho, idas frequentes ao banheiro após refeições, variações bruscas de humor, roupas largas para esconder o corpo e cabelos ou unhas frágeis. No âmbito psicológico surgem depressão, isolação social e pensamentos suicidas. Complicações médicas graves vão de desequilíbrios eletrolíticos a ruptura esofágica e falência múltipla.
Abordagem terapêutica: o tratamento deve ser multidisciplinar. Nutricionistas elaboram planos alimentares progressivos; psicólogos aplicam Terapia Cognitivo‑Comportamental, Terapia Focada na Compaixão ou Terapia Familiar de Maudsley para adolescentes. Psiquiatras podem prescrever antidepressivos ou estabilizadores de humor em casos de comorbidades. Grupos de apoio oferecem partilha e redução de vergonha. Em situações críticas, internação clínica garante suporte nutricional por sonda e monitoramento cardíaco.
Estratégias de prevenção envolvem educação alimentar nas escolas, treinamento de professores para identificar sintomas, campanhas que valorizam diversidade corporal e regulamentação de propaganda que promova padrões inalcançáveis. Influenciadores digitais podem colaborar divulgando mensagens anti‑gordofobia e autenticidade.
Caso você ou alguém próximo apresente sintomas, procure atendimento especializado. A intervenção precoce aumenta a probabilidade de recuperação total e evita sequelas irreversíveis. Recuperar uma relação equilibrada com a comida é possível: cada refeição sem culpa e cada pensamento autocompassivo representam passos rumo a uma vida saudável e plena.